Artigo retirado da Página da Sociedade Brasileira de Anestesiologia no Facebook.
Rio de Janeiro, 31 de janeiro de 2017
Esta semana houve uma comoção nas redes sociais com a publicação de uma matéria traduzida e veiculada em vários sites da imprensa nacional, intitulada “A agonia da mulher que acordou da anestesia durante uma operação “.
Casos como de sra. Donna Penner, da província de Manitoba, no Canadá, são raros, mas podem resultar em sérias complicações. Servem de alerta para uma maior atenção aos sinais vitais do paciente e utilização de equipamentos adequados para evitar desfechos semelhantes e possibilitar maior segurança e conforto aos pacientes.
Foi pensando nisso que a Sociedade Brasileira de Anestesiologia vêm à público trazer esclarecimentos que aliviam e informam sobre a evolução dos estudos nesta área.
Vários estudos têm demonstrado que a incidência de despertar com memória varia de 1-2 para cada mil anestesias gerais, principalmente em cesarianas, cirurgias cardíacas, anestesia venosa total e procedimentos associados ao uso de bloqueadores neuromusculares. Os pacientes podem despertar com memória explícita ou com memória implícita. Nos dois casos, necessariamente, deve haver algum nível de consciência. Ocorre memória explícita quando o paciente lembra de fatos do intraoperatório, sendo necessário vários minutos para que este tipo de memória possa ocorrer, já que ela é classificada como memória de longa duração. Pacientes com memória explícita podem evoluir com síndrome do estresse pós-traumático, necessitando acompanhamento por especialista (psiquiatra). Clinicamente, estes pacientes podem apresentar: alterações no comportamento, pesadelos, angústia quando da exposição a circunstâncias semelhantes ou associadas ao estressor, irritabilidade ou explosões de raiva, dificuldade de concentração, hipervigilância, etc. A monitorização da profundidade anestésica que classicamente faz-se com avaliações dos parâmetros hemodinâmicos não é confiável, devendo, portanto, ser associada ao uso de equipamentos que avaliem a atividade elétrica do sistema nervoso. Existem vários destes equipamentos disponíveis, inclusive no Brasil, que realizam esta monitorização de forma não invasiva e com baixo custo.